Carta enviada de uma mãe para outra mãe em SP, após noticiário na tv:



De mãe para mãe...

"Hoje vi seu enérgico protesto diante das câmeras de televisão contra a
transferência do seu filho, menor infrator, das dependências da FEBEM em
São Paulo para outra dependência da FEBEM no interior do Estado.
Vi você se queixando da distância que agora a separa do seu filho, das
dificuldades e das despesas que passou a ter para visitá-lo, bem como de
outros inconvenientes decorrentes daquela transferência.
Vi também toda a cobertura que a mídia deu para o fato, assim como vi que
não só você, mas igualmente outras mães na mesma situação, contam com o
apoio de comissões, pastorais, órgãos e entidades de defesa de direitos
humanos.
Eu também sou mãe e, bem posso compreender o seu protesto.
Quero com ele fazer coro.
Enorme é a distância que me separa do meu filho.
Trabalhando e ganhando pouco, idênticas são as dificuldades e as despesas
que tenho para visitá-lo. Com muito sacrifício, só posso fazê-lo aos
domingos porque labuto, inclusive aos sábados, para auxiliar no sustento e
educação do resto da família. Felizmente conto com o meu companheiro, que
desempenha importante papel de amigo e conselheiro espiritual.
Se você ainda não sabe, sou a mãe daquele jovem que o seu filho matou
estupidamente num assalto a uma videolocadora, onde ele, meu filho,
trabalhava durante o dia para pagar os estudos à noite.
No próximo domingo, quando você estiver se abraçando, beijando e fazendo
carícias no seu filho, eu estarei visitando o meu e depositando flores no
seu humilde túmulo, num cemitério da periferia de São Paulo...
Ah! Ia me esquecendo: e também ganhando pouco e sustentando a casa, pode
ficar tranquila, viu?
Que eu estarei pagando de novo, o colchão que seu querido filho queimou lá
na última rebelião da Febem
Circule este manifesto!
Talvez a gente consiga acabar com esta inversão de valores que assola o
Brasil!"

DIREITOS HUMANOS SÃO PARA

HUMANOS DIREITOS!!