Perdoem o sumiço meus amigos, é que andei viajando bastante de moto.
Além da viagem SP-DF (esta do post) ainda tenho saído quase todo final de semana com meus amigos do Moto Clube Os Renegados de Praia Grande. Ontem mesmo, 27/10, fomos a Itapecerica da Serra num encontro do MC Scorpions (ou seja: sabem aquela chuva que alagou SP de tarde? Pois é, molhei até a cueca!).
(POST LONGO, ME PERDOEM)
Bem pessoal, retornei de Brasília p/ onde fui acompanhado do Luciano e do Edu di Lascio, eu e o Edu de Fazer e o Luciano de NX 350 Sahara. Foram 2540km rodados e a moto rodou sem falhas, sem sustos, sem apresentar nenhum problema senão um fato isolado que explico mais abaixo.
Minhas impressões sobre a viagem e tal estou terminando de compor num relato de viagem, que o João Tadeu decidirá depois se posta aqui ou se publica no Motonline. Penso eu que será muito útil para marinheiros de primeira viagem como eu, com pouca quilometragem de estrada em moto (porém muita de carro).
Em resumo, falando exclusivamente da minha Fazer Gislaine® 2007, que saiu para viajar com 4608km rodados, penso o seguinte:
1 - Conforto = Nota 09: na ida fizemos uma escala aos 867km (em Caldas Novas - GO), então não pude avaliar muito bem. Mas na volta, que fizemos praticamente 1200km "non stop", pude notar como a moto é macia e confortável. Após 14h de estrada cheguei em casa cansado e com sono, porém inteirinho. Não estava quebrado, sabem? Poderia tomar um banho, comer algo e sair de novo com ela dar uma volta! A moto vibra bastante acima de 120km/h, mas levando em conta que não tem 6a. marcha ainda, a essa velocidade as rpm estão bem elevadas, inadequadas p/ um motor com 2 válvulas. A marcha cruiser idea dela é a exatos 6500rpm, quando o motor está numa faixa silenciosa e econômica. Até 7000rpm vai bem. Acima disso, vibra um pouco e aqui nota-se a falta de uma 6a. marcha, pois nessa tocada a moto está com menos de metade do acelerador aberto. Eu diria que 35% aberto.
2 - Estabilidade = Nota 08: pegamos muito vento lateral na estrada, daqueles fortes. Motos maiores e mais pesadas enfrentam melhor, mas ainda assim a Fazer não fez feio. A minha, com bolha, recebe pior ventos laterais, mas os ventos frontais ela enfrenta com muita raça, sem perda de desempenho. Fora o vento, a moto inspira andar rápido e se tivesse uma 6a. marcha seria fácil manter 120km/h com ela sem sustos. Porte avantajado e pneus adequados p/ estrada, sem dúvida a Yamaha acertou na engenharia.
3 - Desempenho = Nota 10: como viajei sozinho, tinha espaço p/ 2 mochilas além do bauleto carregado. Como peso uns 72kg, a moto andou muito bem, sendo fácil manter 100 - 120 sem apertar metade do acelerador em subidas fortes. Nessa tocada a moto transmite muita segurança, passando facilmente caminhões mesmo em subidas. Preciso testar a mesma situação com garupa, mas deve ser a mesma coisa pelo que andei até agora em viagens mais curtas.
4 - Consumo = Nota 10: o quesito consumo reflete diretamente em outro setor: autonomia. Numa viagem, quando postos de grife começam a ficar raros, é preciso poder contar com o equipamento. E nesse ponto a Fazer foi imbatível. Com médias acima de 33km/l andando a 100 - 110 (com picos de 120) na estrada e 36km/k andando a 60-80 durante os passeios no DF, a moto pode rodar 550km com cada tanque, isso sobrando 3 ou 4 litros na reserva! Imbatível a IE, não?
5 - Manutenção = Nota 06: no meio do caminho uma surpresa, pois notei a bengala direita úmida. Quem me conhece sabe que cuido da moto como uma filhona, então não houve nenhum impacto que justificasse o vazamento de óleo pelo retentor. Deixei na Yamaha aqui de Praia Grande para avaliação, tenho certeza que foi um caso isolado de defeito de fabricação, mas tal coisa poderia ter comprometido a viagem. A Yamaha do DF se NEGOU a me atender alegando excesso de serviços, então veja que se a bengala pifasse de vez eu teria de deixar a moto no DF se entendendo com o seguro e voltar de avião! Fora isso a moto se portou de modo impecável, sem defeitos ou sustos.
6 - Iluminação = Nota 08: com os faróis auxiliares acabou o problema de escuridão, ainda mais com as lâmpadas dicróicas halógenas. Como viajamos mais de 300km praticamente no escuro total, pude experimentar todo tipo de combinação. Com o farol baixo sozinho, eu via muito mal a estrada, mas era suficiente para viajar devagar. Com o alto aceso, melhorava 50% a visibilidade. Com tudo aceso, alto/baixo/auxiliares a estrada ganhava vida, chegando a iluminar placas e animais no acostamento a mais de 20m de distância. O conjunto original podia ser melhor se a Yamaha usasse lâmpadas de 55W, mas não sei até que ponto seriam necessárias p/ uso urbano. O sistema elétrico suportou viajar horas com tudo aceso e não mostrou o menor sinal de fadiga, a moto produz muito mais energia nessa faixa de rpm do que todo o sistema elétrico pode consumir, então me parece seguro o uso consciente sem nenhuma consequência.
7 - Freios = Nota 10: mesmo sem disco na roda traseira, a moto viajou sem sustos, sem travadas na roda dianteira ou traseira mesmo em caso de brecadas bruscas. Notei o freio um pouco esponjoso no começo, mas depois de alguns km rodados ficou adequado. Não diria que o freio é excelente, mas sim adequado para o porte e uso da moto.
8 - Câmbio e transmissão secundária = Nota 09: achei a redução de marchas um pouco dura demais, mas nada insuportável. Fora isso o escalonamento de marchas me parece curto para uma estrada, mas adequado para arrancadas espertas na cidade. É por isso que todo Fazeiro quer trocar a relação por uma mais longa, aproveitando melhor o potencial do motor. Fora isso foi bem adequado, facilitando manter a velocidade em subidas e podendo usar muito o cut off da IE em descidas. A corrente é silenciosa porém notei que em buracos rápidos ela bate na balança (numa espuma que serve de guia), fazendo um clac suspeito e assustador, mas não é nada senão o barulho e o susto. Deve vir daí o tal barulho na traseira que muitos donos de Fazer relataram.
9 - Avaliação geral e Impressões = Nota 10: tirando o caso isolado da bengala, a deficiência de luzes e a falta de uma 6a. marcha, a Fazer se mostrou surpreendentemente maior e mais valente do que eu esperava. Tanto que saí de casa certo de que ia sentir falta de uma Drag Star ou Fazer 600 na estrada, mas voltei em dúvida se realmente preciso subir mais um degrau. Com suas 250cc pareceu ser muito maior e mais potente, despertando a curiosidade dos outros motociclistas. Vi muitas Fazers personalizadas na estrada que tinham viajado de longe p/ o DF e me pergunto desde então: será que vale comprar uma moto de 23.000 reais como a Drag Star ou trocar de Fazer a cada 2 anos e com o troco viajar o Brasil de moto, de carro e de avião?
Só não dei um 10 absoluto e imutável p/ a Fazer pelos defeitinhos apontados (creio eu que foi fat isolado), acreditando que a Yamaha vá me ouvir e colocar faróis melhores e um pouco mais fortes originais, freio a disco nas duas rodas e uma 6a. marcha um pouco mais longa. Mas se eu fosse comprar uma 250cc de novo hoje, não há outra moto no mercado senão a Fazer. Penso que a Yamaha acertou no produto, não duvido que seja hoje a melhor moto do Brasil entre as 250cc disponíveis.
É isso. Dúvidas, estamos aí. E breve, mais viagens com a Fazer.