É difícil responder esta pergunta. E já parei algumas vezes pra auxiliar mas em outras eu passei reto por desconfiança. No meu único tombo de moto, um outro motociclista parou pra me dar uma força. Só não concordei com o cara que falou ali que não pára quando é uma moto pequena. Não dá pra generalizar.
Teste da solidariedade
Antigamente era lei: um motociclista não ficava muito tempo parado num acostamento sem que alguém parasse para ajudar. Com a correria e a falta de segurança dos dias atuais, essa certeza já não existe mais. Para testar a quantas anda essa rede de solidariedade entre os amantes das duas rodas, o Planeta Moto foi para a beira da estrada no sábado passado.
A nosso pedido, o mecânico e motociclista Luiz Pasetto, 57 anos e 30 de profissão, parou durante 20 minutos em três trechos da BR-290 sem casas ou indústrias por perto, simulando um problema na sua Intruder 1400cc. O resultado você confere ao lado.
A primeira parada foi às 10h25min no Km 89. No acostamento da freeway, Luiz deixou a moto durante 20 minutos com o banco aberto e algumas ferramentas no chão. Neste tempo, 33 motos passaram por ele, mas ninguém parou.
No Km 91, às 10h45min, o segundo teste. Passados dez minutos, um carro pára. Seria estranho se o motorista não fosse também motociclista: colado na traseira do carro, havia um adesivo do motogrupo Federais da Estrada.
Funcionário público aposentado, Carlos Betat, 52 anos, ia para a praia com a família. Acostumado a viajar de moto, ele já ajudou muitos colegas, mas confessa ter um critério:
– Para motos pequenas, eu não paro porque pode ser uma armadilha.
Minutos depois, o carro já havia partido e o motoboy André da Rocha, 28 anos, encostou – mesmo com uma entrega a ser feita:
– Eu paro para ajudar porque já recebi ajuda quando precisei.
No Km 94, próximo a Eldorado do Sul, foi feito o terceiro teste, às 11h30min. Enquanto esperava ajuda, Luiz contou que há um código entre os motociclistas: quem passa, reduz e buzina. Se o que está no acostamento faz sinal de negativo, é porque precisa de auxílio.
Às 11h45min, Sérgio Araújo, 53 anos, e Ana Raquel Munro, 47 anos, interromperam o passeio a Pantano Grande para dar uma mão. Eles garantem que os motociclistas mais antigos são mais solidários.
Sérgio diz que, ao se aproximar e ver o banco fora do lugar e o alforje aberto, percebeu que o colega estava em apuros.
– Nós já ficamos na estrada, sem gasolina, e ninguém parou para ajudar – afirma Ana.