PISTÕES

A escolha correta dos pistões é um fator de muita importância na construção de um motor de alta performance, principalmente em relação a sua durabilidade e resistência em uma utilização esportiva.
Existem vários tipos e modelos de pistões, cada um com sua utilização em particular. Antes de nos aprofundarmos na matéria é bom que você leitor saiba de alguns aspectos importantes sobre tais componentes.

Todo o Pistão faz parte da câmara de combustão de um cabeçote, isto é, o desenho e a forma do pistão pode melhorar ou piorar o desempenho de um motor, podendo alterar a taxa de compressão, provocar desgaste prematuro ou perda de rendimento se estiver mal ajustado ou mal escolhido para uma determinada utilização.

Para cada tipo de pistão há uma folga a ser respeitada, inclusive os ajustes de anéis devem ser checados se sua utilização está correta para aquele tipo de pistão. O maior problema que ocorre em pistões, sejam eles de qualquer marca e modelo, é o fato de serem mau utilizados.

Podemos destacar alguns dos principais problemas: mistura de combustível muito pobre, ponto de ignição inadequado a utilização, taxa de compressão muito elevada, mau ajuste da folga entre o pistão e a parede do cilindro, mau ajuste entre as pontas dos anéis e a instalação de maneira incorreta (posição do pistão). Por isso tome cuidado, pois é comum pessoas comprarem pistões de maneira errada e fatalmente seu desempenho será inferior ao que esse pistão seria capaz se bem utilizado. Veremos a seguir modelos e tipos de pistões mais comuns em utilização em alta performance.

Existem três modelos básicos de pistões, conforme segue:

Dished - côncavo. Estes pistões possuem uma depressão em sua cabeça, o que geralmente deixa a taxa de compressão menor que a original, alterando a capacidade cúbica da câmara de combustão. Esta taxa pode ser controlada dependendo do volume retirado na cabeça do pistão. Geralmente são utilizados em motores originais pois possuem grande capacidade de lavagem dos gases no cilindro e em motores sobre alimentados (turbo) dependendo da forja e materiais utilizados na fabricação dos componentes.

Flat Top - Cabeça plana. Como seu nome já diz, o topo do pistão é plano o que deixa a capacidade cúbica da câmara de combustão menor em relação ao côncavo. Possui uma melhor lavagem de cilindro devido ao formato da cabeça (plana). Este tipo de pistão merece maior atenção quanto a sua montagem em relação ao trem de válvulas, enquadramento de comandos de alta duração e levantes acentuados, tamanho de válvulas, posição e tamanho de velas. Por possuir maior área plana este pistão é recomendado a motores de competição, que necessitam de uma compressão maior.

Dome - cabeçudo. O topo deste pistão possui um ressalto para uma maior compressão sem a necessidade de diminuir a quantidade cúbica na câmara de combustão do cabeçote. Possui uma taxa de compressão mais elevada em relação aos outros tipos de citados com a mesma centragem de pinos. A capacidade de lavagem dos gases durante o processo de admissão e exaustão é um pouco pior que os demais devido a formação de pontos de ângulos na cabeça do pistão o que dificulta a formação mais uniforme de uma entrada e saída de gases pelos dutos de escapamento e admissão. Mas tenha muito cuidado em relação ao trem de válvulas, pois o fato de ter uma cabeça exposta, isto é, a cabeça do pistão passa da linha plana do bloco e em alguns casos pode até entrar muito na câmara de combustão batendo nas válvulas. São excelentes indicações para motores de alta performance, devido ao aumento da taxa de compressão e em casos extremos no uso de motores turbos. Mas para esse tipo de aplicação é necessária a aplicação das ligas e forjas que vamos ver a seguir:

Pistão casto:

Tem fabricação prevista para motores de uso normal e, certamente são produzidos por apresentar baixo custo devido a sua produção em larga escala e a fundição simples em uma única etapa. Possuem uma durabilidade e taxa de expansão térmica pobre em relação aos pistões forjados ou hipertêuticos. Seu uso em motor de competição não é indicado devido a má qualidade, a resposta de dureza do material a sua resistência a altas pressões sobre seu corpo, e em alguns casos é simplesmente impossível utilizar este modelo, principalmente onde a preparação é mais séria utilizando turbo, blower ou nitro.

Pistões Hipereutêutico:

Este tipo de pistão possui uma melhor liga em relação ao alumínio utilizado nos pistões castos. O alumínio utilizado é o FM244 que contém 16,5% de silicone na sua composição. Este processo resulta em um pistão mais forte e mais resistente com muitas melhoras em sua característica de expansão (15% melhor que um pistão casto), sem acrescentar mais peso. Tem capacidade térmica e resistência a deformação 30% maior que o pistão casto. Sem contar que a inclusão do silicone no alumínio produz diferença que merece ser ressaltada. Dependendo do caso e utilização seu peso pode ser maior que o forjado e sua utilização pode ser indicada para motores normais ou preparados mais profundamente para rua de média performance, não chegando a competição extrema.

Pistões Forjados:

O Pistão forjado sofre um tratamento de calor e temperatura alternado com horário pré-programado, deixando o material mais livre de impurezas e melhorando suas características de liga. É o pistão de maior resistência dentre todos, mas em altas temperaturas resiste bem menos que um pistão hipereutêutico. Em compensação são muito mais resistentes à sobre-pressão de elevadas taxas de compressão dinâmica. Estes pistões são normalmente usados em motores ee preparação pesadíssimas onde a resistência do pistão tem que ser muito grande para suportar altas pressões. A escolha do pistão forjado deve ser muito cuidadosa, não pense que escolher um pistão forjado qualquer vai resolver todos os seus problemas pois existem vários modelos a disposição no mercado, cada um com sua utilização. São os mais indicados e mais apropriados para motores com nitro, turbo e blower ou nitro/turbo, aspirado/nitro, nitro/blower ao mesmo tempo. Para competição é a melhor escolha. O pistão forjado não possui uma fabricação normal já que sua produção tem um custo muito elevado, cerca de 80% mais caro que um pistão casto e 40% mais caro que um pistão hipereutêutico.