Postado originalmente por
Saurus
Depois de passar 45 anos guiando motocicletas, minha opinião é de que, para viagens (curtas ou longas), a moto deve ser a menor possível e a maior possível
Estranha minha afirmação, mas é isso mesmo. A moto ideal não é pequena e fraca demais, nem grande e pesada demais. Para meu estilo de condução em rodovias, não ando em velocidades acima de 120 Km/h. E isso já é bastante, mesmo para um carro ordinário. Então uma moto que possa rodar com segurança e conforto entre 80 e 120 Km/h já fechou com o primeiro quesito.
Uma coisa que acho mais importante que potência é o torque. Não adianta ter 100 cv de potência se a moto leva 20' para chegar nessa potência. Prefiro uma com uns 25cv mas que chegue rapidamente a uma velocidade de tráfego e tenha força para subir lombadas, ladeiras, rampas, etc com carga. Além do mais, por melhor que seja a moto, alta velocidade por períodos muito longos representam uma carga over de adrenalina, muito além do que já é necessário para manter a concentração e atenção em viagens. Passar muito tempo acima dos 100 Km/h, mesmo que seja numa R1200GS, já vai exigir de você muito mais concentração e atenção do que o efetivamente necessário e vai lhe cansar excessivamente, deixando-o exausto, muito mais do que se você tivesse procurado manter velocidades mais "civilizadas".
Vejo várias pessoas falando que mantiveram 150, 160, 180 km/h de média... Francamente, não acredito nisso. Talvez tenham chegado a isso por uns 5~15' de vez em quando, mas na maior parte do tempo acho muito difícil conseguir isso em viagens longas e não ficar esgotado (mesmo se tiver sorte de não ter passado por diversas situações de perigo).
Também não me sinto "confortável" ou tranquilo se a moto tiver trocentos badulaques tecnológicos, eletrônicos. NO meio do nada, um problema num pisca pode paralisar uma moto dessas e te deixar alí, á mercê da sorte de passar alguma alma viva e que consiga (ou esteja disposta) lhe ajudar. Prefiro motos que sejam bem simples, robustas, resistentes, duráveis e confiáveis.
Quanto ao conforto.... Bem se você quer conforto, esqueça motocicletas. Elas podem ser qualquer coisa, menos confortáveis. Então, se der para aguentar entre 1~2h de pilotagem e paradas de 15~20' para esticar as pernas, dar uma mijadinha, tomar um café, comer alguma coisa, ficar um tempo olhando a paisagem ou ficar pensando em teoria do caos, transições interdimensionais, coisas assim, já tá bom pacas.
Recentemente descobri uma moto que atende a todos esses requisitos que penso serem algo perto do "ideal": Royal Enfield Classic 500. Não é muito grande, nem muito pequena.
Não é muito potente mas tem um ótimo torque, consegue rodar em velocidades civilizadas por longos períodos e tem torque para encarar lombas, serras, subidas em geral sem botar a língua para fora. É econômica e tem autonomia suficiente para trechos longos de 1h30m~2h de viagem. É de mecânica e elétrica simples, fácil, sem "fru-frus". O principal de ciclística, mecânica e elétrica dela é altamente resistente e confiável para não imobilizar a moto no meio do nada, lhe dando a chance de continuar sua viagem até chegar a algum ponto onde você consiga ajuda. Assistência técnica? Ora, até um chimpanzé com meia dúzia de ferramentas consegue consertar uma RE Classic 500, não precisa de concessionárias com analisadores e espectômetros de massa, scanners interpoladores transdimensionais e coisas assim, algumas chaves de boca, de fenda, um ou dois alicates já resolvem a parada.
Ademais, pelo que estive vendo na internet (youtube, fóruns no exterior, etc) a tal da RE Bullet e Classic 500 são uns verdadeiros tanques de guerra em robustês e resistência.
Bom, por essas coisas que escrevi acima, foi que XONEI na tal da RE Classic 500 e ainda vou ter uma.
No mais, dá para viajar até de Biz, Pop ou similares sim. Basta estar disposto e ciente das limitações de desempenho da perereca.